Quando perdi meus anjinhos!!!
Minha gestação estava indo super bem, a unica coisa que eu sentia era um pouco de enjoo, cansaço e como eu trabalhava a noite e em pé, minhas pernas doíam, eu fazia de tudo pra não fazer nenhum esforço, e estava tentando me alimentar melhor, porque eu sempre me alimentei mal; Sentia de vez em quando uma leve dorzinha de cabeça, mas gravidas sentem todos esses desconfortos mesmo.
No dia 24/06/13 fui num curso de gestante, estava com 17 semanas, e lá me pesaram, mediram a glicemia, e aferiram minha pressão, que por sinal estava 15/8, achei estranho porque sempre foi normal,  e eu não estava sentindo nada naquele dia, a enfermeira disse que era melhor eu ir mais tarde no hospital pra medir de novo, eu já fiquei apreensiva, a noite fui no hospital achando que já teria normalizado, mas para me preocupar mais ainda estava 15/9, a enfermeira sugeriu que eu passasse pelo médico. O médico já foi me botando medo, falando de pré-eclampsia, e pra eu procurar minha G.O. logo. Lá no hospital fui medicada com Enalapril, só depois de muito tempo descobri que esse remédio não deve ser tomado por gestantes. fiquei muito assustada, entrei em desespero.
No outro dia liguei pra minha médica e falei com a secretária, em vez dela me atender no dia, ela passou Metildopa pelo telefone e mandou fazer um controle da pressão, que antes disso não tinha o que fazer, eu só não fiquei mais brava porque a próxima consulta era na semana seguinte, fiquei a semana toda medindo a pressão e marcando num papel pra levar pra ela.
A consulta foi dia 02/07/13, fui e falei sobre a pressão e também sobre um corrimento que eu tinha visto na semana anterior, vi vários dias, mas não era toda hora, tinha aspecto gelatinoso e transparente, igual quando estamos ovulando, só que mais firme. Eu achava que era normal, já tinha lido que gravidas tem mais corrimentos, a médica fez um toque e constatou que estava tudo bem, ouvi os coraçõezinhos, ela disse que realmente era normal ter corrimentos a gravidez toda(eu mal sabia que isso era meu tampão mucoso). Sobre a pressão, eu tinha que continuar com a Metildopa e ir medindo sempre, passou uma US com doppler, pra fazer logo e uma morfológica pra fazer com 22 semanas. Saí do consultório feliz, porque estava tudo bem e em breve eu saberia os sexos, eu e meu marido fomos fazer compras e depois fomos no shopping jantar com um casal de amigos, chegamos em casa bem tarde, e apesar de não ter feito nada de esforço, fiquei bem cansada. Tomei um banho pra ir dormir relaxada, e antes de me deitar começou uma cólica levinha, mesmo assim dormi, acordei as 3:00 hrs da manhã, fui no banheiro e tudo ok, voltei pra cama e não consegui dormir mais, estava meio angustiada, as 5:00 hrs eu estava quase pegando no sono quando senti um estouro no pé da barriga, e já senti que algo me molhou, sai pulando da cama pensando que fosse sangue, gritei meu marido, aquilo formou uma possa no chão, liquido transparente e sem cheiro, eu não sabia se era urina ou minha bolsa tinha estourado, meu marido também em duvida me chamou pra ir no hospital. Fui tomar um banho e ainda continuava saindo esse liquido, quando passei a buchinha saiu uns pedacinhos amarelados, depois esverdeados, pensei: a coisa é séria mesmo. O hospital que eu tinha que ir, era em outra cidade, e minha médica também era de lá(pelo plano de saude), 30km da minha cidade, antes de sair de casa fui no banheiro novamente e assim que passei o papel veio um pouco de sangue, falei pro meu marido: -eu tô perdendo eles, fiquei em choque.
Cheguei no hospital, ligaram pra minha médica e ela não podia ir aquela hora porque estava de plantão em outro hospital, mas ela mandou fazer uma US de urgência, ninguém acreditava que minha bolsa tinha estourado com 18 semanas. Umas 2 horas depois me levaram pra fazer a US, e graças a Deus estava tudo bem com meus bebes, ainda tinha liquido, voltei pro quarto pra colher alguns exames, ainda tinha um sangramento rosadinho, bem pouco e umas cóliquinhas. Me falaram que eu ia ficar lá até que os exames ficassem prontos e um outro medico viria me examinar. Esperei até 13:00hrs pra ver esse outro médico, ele viu a US, me examinou, foi bem cavalo, vi estrelas com o toque que ele fez. Ai ele me disse:
-Você esta com dilatação, seus bebes estão bem, mas seu colo do útero que deveria estar com 4 cm, está com 1,88 cm. Vou te internar e sua médica vai decidir se fará uma micro-cirurgia pra costurar o colo do útero( eu já sabia que era a tal de cerclagem).
Fui chorando pra outro hospital maternidade, pra ser internada e esperar minha médica. Estava anoitecendo e nada dela, e minhas cólicas só aumentando, eu tava tomando buscopan desde cedo, e a dor só aumentou, me liguei que tinha alguma coisa errada. Por uma falta de comunicação entre hospitais e médicos, minha médica só foi ficar sabendo que eu tava internada as 19:30hrs, e só poderia ir lá no hospital depois das 21:00hrs.
Nisso eu não podia levantar pra nada, repouso absoluto mesmo, quando ela chegou eu já não aguentava mais de dor, as enfermeiras pediam que eu deitasse do lado esquerdo pra levar oxigenação para os bebes, mas não tinha como, doía mais ainda, ela me levou pra outra sala pra poder fazer o toque, e viu que eu estava dilatando mesmo, e as dores eram contrações. Senti todas as dores do parto, gritava pelo amor de Deus pra alguém me dar um remédio pra que a dor passasse, ela tentava ouvir os corações, mas não ouvia direito. E me explicou que enquanto eu tivesse contrações e sangramento, não podia fazer a cerclagem.
Virei a noite com as contrações que chegaram a ser de 1 em 1 minuto, adormeci quando a inibina começou a fazer efeito, no outro dia(04/07/13) já havia completado 19 semanas, ela veio me ver, e falou que ainda tinha que esperar parar o sangramento, pois dor eu não tinha mais, tentaram escutar os corações varias vezes naquele dia, mas como eram dois, não dava pra ter muita certeza.
No outro dia(05/07/13), me levaram pra fazer uma US, a médica que fez ficou em silencio, mas eu fui lendo no monitor: feto 1 sem batimentos cardíacos, sem vascularização, no canal do parto. Fiquei sem chão, mas o feto 2 tinha os batimentos e eu vi ele se mexendo. Voltei pro hospital chorando, minha médica veio me ver e disse: você está abortando, vamos pro centro cirúrgico. Ai eu perguntei do bebê que tava vivo, e ela disse que não tinha jeito, porque ele tava indo pro mesmo caminho. Foi a pior sensação do mundo, me senti impotente.
No C.C me deram um sedativo, e anestesia raqui( pois eu não tava em jejum), o procedimento foi vaginal, não senti nenhuma dor, eu estava consciente, mas não ouvia a conversa deles, quando ela acabou, veio me falar que tinham se reunido com outros médicos e decidiram deixar o bebê que estava vivo, dar uma chance a ele, e aproveitou pra fazer a cerclagem. Eu tive esperança, pois se ele aguentasse mais dois meses dentro de mim, teria muitas chances de viver, fui para o quarto, e pedia a Deus pra tudo dar certo, mas eu estava com infecção no útero, febre e a pressão descontrolada, ninguém queria que eu chorasse pra não piorar o quadro.
Já no dia 06/07/13, me levaram pra fazer outra US, meu bebê estava bem, liquido normal, placenta sem nenhum problema, tudo bonitinho, deu até pra ver que era um menino, dessa vez a médica que fez a US disse que não tinha afetado em nada eu ter perdido o outro, e que essa gestação iria bem. Saí de lá com um alívio tão grande, comecei a ligar pra todos dando a boa noticia. Quando foi a noite, não sei porque, foram me trocar de quarto, me colocaram na cadeira de rodas(sendo que pra tudo só me carregavam de maca), quando levantei da cadeira pra ir pra cama, escorreu um monte de liquido novamente, a enfermeira falou que podia ser pelo fato de estar deitada a muitos dias e aquele liquido ter acumulado, eu mandei avisarem minha médica, pois com a outra perda tinha começado assim, comecei a sentir umas dores, mas não eram como as contrações, vinham dores com gases, eu desanimei, mas fiquei quieta, sentia ele mexer, e varias vezes vinham enfermeiras e escutavam os batimentos, consegui dormir, mas bem preocupada.
No dia 07/07/13, era domingo, a médica veio e tentou ouvir o coração, não conseguiu, fez um toque e infelizmente ele já não tinha mais vida, estava no canal do parto, meu sonho acabava ali. Centro cirúrgico de novo, me colocaram no pré operatório com ocitocina, não deu nem tempo, começou umas dores fortes e senti que tava saindo alguma coisa, a enfermeira olhou e viu que era o bebê, disse pra eu fazer força quando viesse a próxima dor, nem precisei, e na dor já senti ele saindo(escorregando), saiu ali na maca do pré operatório mesmo, enrolaram ele num lençol pra eu não ver, fui fazer a curetagem!!!
Foram os piores dias da minha vida, só pude levantar da cama no domingo a noite, cinco dias só deitada, quando sentei na cama tive que esperar uns 15 minutos pra não dar tontura, tomei um banho de verdade e lavei a alma com lágrimas. Ainda fiquei mais dois dias internada, pois tinha que tomar vários remédios, meu abdomen doía tanto, parecia que eu tinha feito um milhão de abdominais.
Não via a hora de sair daquele hospital, quando vim pra casa a dor até passou, mas uns dias depois eu não conseguia dormir, parecia que eu tava sufocando, só ficava bem sentada, me bateu um medo de morrer... e comecei a achar que seria melhor ter ficado no hospital. E além de tudo, como se não bastasse o que eu ja tinha sofrido, meus seios começaram a produzir leite, empedraram e começaram vazar.
Foi triste, ter leite e não ter quem amamentar, sair da maternidade sem meus filhos, e ainda ouvir dos outros: você arruma outro logo, como se eles fossem substituíveis, ouvir que Deus quis assim, e que não era a hora.
Mas se não era a hora, porque então eu engravidei, tem coisas que eu não entendo, e fico revoltada, tantas pessoas não querem e engravidam rapidinho, depois fazem abortos ou jogam no lixo. Hoje fazem 2 meses, chorei muito
 e ainda choro, foi uma experiência traumatizante, mas eu ainda quero ficar gravida novamente, se eu tivesse que passar por toda aquela dor, eu passaria, pra ter meu filho vivo no meu colo. Já sou MÃE sim, dos meus dois anjinhos, e tenho FÉ que um dia vou ter meu filho nos braços.
"Quando eu pensei que não era forte o bastante, Deus me provou o contrário".